A função dos fertilizantes orgânicos
A produtividade das culturas é conseqüência da ação conjunta de vários fatores: preparo da terra, variedade, adaptação climática, nutrição, espaçamento, disponibilidade de água, conservação de solo, mão-de-obra especializada, etc. A produtividade será máxima, quando todos os fatores estiverem à disposição da cultura, no entanto, a nutrição é o fator que mais contribui para o rendimento.
Há mais de um século sabe-se que as plantas necessitam de treze elementos essenciais: [[Nitrogênio]] (N), [[Fósforo]] (P), [[Potássio]] (K), [[Cálcio]] (Ca), [[Magnésio]] (Mg), [[Enxofre]] (S), [[Zinco]] (Zn), [[Boro]] (B), [[Cobre]] (Cu), [[Ferro]] (Fe), [[Manganês]] (Mn), [[Molibdênio]] (Mo), [[Cloro]] (Cl). Alguns deles são requisitados em menor e outros, em maior quantidade.
Nutrir uma planta, do ponto de vista agronômico, não significa simplesmente estimar suas exigências minerais e fornecer insumos concentrados. Embora os fertilizantes minerais (químicos) sejam mais difundidos, mais fáceis de adquirir, transportar, armazenar e distribuir mecanicamente no solo; não quer dizer que sejam perfeitos. Seu principal atributo, a [[solubilidade]], por três razões, nem sempre é vantajoso:
a) Doses excessivas de sais solúveis podem intoxicar as plantas, além de salinizar e acidificar os solos;
b) Os vegetais não absorvem os nutrientes apenas porque estes ocorrem em abundância - Existem peculiaridades na absorção de cada elemento, tais como: pH, presença de antagônicos, espécie iônica, teor nas células, temperatura, aeração, nível de CO2, etc. Isto significa que, o nutriente deve estar no lugar certo, em quantidade adequada e no momento mais propício para ser aproveitado.
c) Em solos tropicais, as chuvas abundantes promovem a [[lixiviação]] de alguns nutrientes; enquanto que, a acidez, associada à elevada capacidade de absorção, provoca a imobilização de outros; neste ambiente, os sais solúveis ficam mais suscetíveis às perdas. Preconiza-se, então, promover, no solo, melhores condições físicas, químicas e biológicas, para o aproveitamento dos nutrientes presentes e dos adicionados.
Os solos que correspondem à tais considerações foram formados sob ação da intempérie, comum nas regiões mais quentes e chuvosas. A água abundante lixiviou boa parte dos nutrientes e acidificou o meio. O calor e o tempo, associados à umidade, degradaram as argilas mais complexas e proporcionaram condições para a rápida decomposição da matéria orgânica. Os solos gerados nessas condições são mais pobres, profundos, ácidos, com baixo teor de matéria orgânica. São também conhecidos como latossolos. Além disso, a presença do homem agravou as transformações a medida que consumiu a fertilidade original sem uma reposição proporcional e degradou a estrutura ao introduzir um manejo mecanizado sem adequações. No entanto, esta situação não impediu o desenvolvimento da agricultura, mas, certamente, a tornou altamente dependente de práticas de conservação, que visam reconstruir a estrutura perdida. Caso contrário, os plantios sucessivos provocariam a completa exaustão e a baixa produtividade.
A fertilidade do solo, por sua vez, é resultado da combinação de fatores físicos, químicos e biológicos, capazes de, em conjunto, propiciar as melhores condições para obtenção de altos rendimentos. A matéria orgânica, ou húmus, interfere em todos esses fatores. Práticas que visam conservar ou aumentar o teor de matéria orgânica do solo ( por exemplo: combater a erosão, manter a cobertura vegetal, rotação de culturas, descanso, etc.) são as mais eficazes para proporcionar rendimentos elevados às culturas. São as propriedades coloidais do húmus, principalmente aquelas relacionadas à agregação das partículas, que conferem estabilidade estrutural ao solo. Em conseqüência dos agregados, formam-se macro e microporos, responsáveis pela aeração e pela capacidade de retenção de água, respectivamente.
As propriedades químicas do húmus são representadas principalmente pelo fornecimento de nutrientes essenciais; pela interação com as argilas formando o complexo argilo-húmico, responsável pela majoração da capacidade de troca catiônica (predominância de cargas negativas em relação às positivas); pelo poder complexante sobre metais; pela ação sobre a disponibilidade do fósforo; pela ação estabilizante sobre variações ambientais no solo (modificações no [[pH]], temperatura, teor de umidade, teor de gás carbônico, teor de oxigênio, etc.).
Não há como dissociar, uma agricultura próspera, duradoura e sustentável, de um solo rico em húmus.
As principais vias para atingir esta situação não são excludentes, ou seja, devem ser empregadas, preferencialmente, de maneira conjunta, são elas: as práticas conservacionistas (já mencionadas) e adubação orgânica.
Fertilizantes orgânicos, ricos em húmus, à medida que são aplicados, modificam as propriedades físicas do solo, promovendo a formação de agregados. Em conseqüência disso, aumentam a porosidade, a aeração, a capacidade de retenção de água, etc. Paralelamente, aumenta-se a capacidade de troca catiônica (CTC) do meio, ou seja, os nutrientes catiônicos, Ca, Mg e K, anteriormente transportados juntamente com a água das chuvas, passam a permanecer disponíveis para as raízes, em quantidades maiores e por mais tempo. Alguns ácidos orgânicos, liberados pelo fertilizante diminuem a adsorção (imobilização) do P. Nessas condições, diminuem também as variações de pH, tornando mais raras as necessidades de calagem (aplicação de calcário no solo para elevar o pH). Além disso, os fertilizantes solúveis, aplicados nestas condições, serão mais bem aproveitados pelas plantas e sua ação sobre a acidez e a salinização do solo diminuirá substancialmente.
Se fôssemos sintetizar as funções dos fertilizantes orgânicos, empregaríamos apenas uma expressão, muito usada no meio agrícola: “engordam o solo”.
terça-feira, 12 de fevereiro de 2008
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